A malícia não é gratuita: a maior tradição da Avenida Farrapos é pela quantidade de night clubs e de single ladies que ficam nas suas diversas esquinas noite afora. Eu pensei em fazer uma comparação com a Vila Mimosa, mas a Farrapos, em termos de diversidade na procura e na oferta em mercado sexual, é muito mais abrangente e democrática. Lá, seus frequentadores são desde os trabalhadores porto-alegrenses mais humildes até os executivos abastados nas casas cujo público-alvo é a fatia de alto poder aquisitivo na cidade.
É claro que pra um mercado tão bem-consolidado e organizado como esse é necessário que haja quem pense e crie o figurino dos profissionais. E quem teve uma visão além do alcance se deu bem: foi o caso das sócias Herta e Adriana, donas da marca Her & Drika, especializada em “moda sexy”, uma confecção que surgiu pensada especialmente nas meninas e nos meninos que trabalham na noite.
Na semana passada eu fui lá conversar com as duas, que me receberam super bem e ainda me mataaaaaram de inveja com uma poltrona de zebrinha e um divã de veludo preto que eram loosho & poder!


A loja Her & Drika surgiu em 2006, com as duas se dividindo entre a confecção das roupas e a comercialização. As roupas foram pensadas estritamente nas garotas de programa, e uma das primeiras surpresas para as sócias foi a quantidade de transexuais – também profissionais do séquisso – que começaram a fazer encomendas para elas.

Uma das curiosidades que elas me contaram foi a diferença entre a calcinha fio-dental, que, devido à anatomia das meninas e dos meninos, tem que possuir dois modelos distintos: uma com um espacinho a mais, para os meninos, e uma normal, aquela que a gente já conhece.
A segunda surpresa para as sócias foi o fato de a loja, cujo objetivo principal era o de atender às pessoas da noite, ter se tornado também um alvo de pessoas “comuns”. Hoje, 50% do público, segundo Herta, é de transexuais e de garotas de programa, mas a outra metade é de mulheres que procuram roupas para fazer academia, de dançarinas de bandas (de forró, por exemplo, que precisam daquelas roupas mais coladas e brilhosas), ou de maridos que aparecem para comprar roupas mais sexies para as esposas e namoradas (ou para si próprios, né, vá lá entender a fantasia de cada um).
Tal qual toda a democracia da Avenida Farrapos, a loja Her & Drika também oferece preços que são acessíveis tanto para leitores do Brasil Fashion Pobre como para dessas outras revistas femininas que sugerem looks caros. Há calcinhas de “3 por R$20” e macacões por R$120, ou coisas até mais caras: opções para todos os bolsos e gostos.
A inspiração para a confecção das roupas, segundo Herta e Drica, está nas ruas, no dia a dia mesmo. Muitas vezes elas recebem sugestões das clientes ou veem modelos nas ruas que acham interessantes de copiar, de adaptar. Muitos modelitos são criados a partir de um molde só que vai se desdobrando em vestidos, triquínis, macacões, e isso também facilita bastante.

Essas moças não ahazam? Maravilhoso o perígon delas!