17 de junho de 2010

Brazil Fashion Poor: quem não pode Nova York vai de Madureira!

Há uma música do Zeca Baleiro chamada Vai de Madureira que diz: "quem não tem Las Vegas vai no Bingo de Irajá, quem não tem Beverlly Hills mora no BNH, quem não pode Nova York vai de Madureira...". A primeira vez em que eu ouvi essa música foi em 2003, no Canecão, e a achei genial por destacar de forma tão bem-humorada alguns aspectos da vida suburbana e aquele jeitinho brasileiro de nunca ficar na mão. Durante muito tempo a música circulou somente pelos seus shows, e finalmente anos depois o Baleiro resolveu registrá-la em um álbum, o Coração do homem bomba, e com uma roupagem diferente, para a alegria dos seus fãs.




A música serviu para apresentar a vocês a primeira correspondência internacional do Brasil Fashion Pobre! É, minha gente, esse post tem título inglês e é Brazil Fashion Poor, numa matéria feita em Nova York, olha que chique! Mês passado, a Mari, uma leitora do blog de quem eu gosto pra caramba, passou as férias lá e trouxe várias dicas de comprinhas pra gente (as fotos são uma seleção minha, que preferi não colocar pontos turísticos, e sim algumas imagens que julguei peculiares e fugidias ao glamour nova-iorquino).

Tiozinho na entrada de algum metrô com objetos não identificados.

Camisetas, criancinhas sendo pintadas e um cara gato de boné no canto.

Tiozões em frente a um museu (qual museu mermo, Mari?)


Tá, aí vocês vão dizer: mas a moda não é do pobre brasileiro? Pois é. O dinheiro pra uma passagem a Nova York não é lá um trocado que se encontre no bolso, e ir pra cidade que nunca dorme não é uma decisão tão simples como pegar um Supervia e descer em Madureira pra fazer compras no Mercadão ou no Polo 1. Porém, segundo os relatos da Mari, chegando lá, existe uma semelhança relativa no que diz respeito às pechinchas brasileiras, já que Nova York pode ser o antro das sacoleiras e o verdadeiro delírio pra quem procura por um precinho camarada. Ela escreveu um depoimento dividido em várias categorias e com fotos para cada uma. Agora é com ela. Vai que é tua, Mari:






Saias: Não sei se US$6 é um preço meio padrão pra saias, o fato é que paguei US$6 por cada uma delas em lojas diferentes! A de cima foi na HM, a curtinha num brechó chamado Angel's Thrift e a de jeans na Century 21. Amei, pois aqui não sei se na Voluntas se encontra saia de tecidos bons por R$10. Ah, na foto coloquei também a meia-calça que todo mundo amou e quer igual! Comprei por US$12 e vi que a Lupo tem uma bem parecida por R$39,90. É caro, mas ainda é menos que o dobro.






Lenços: Grande euforia da viagem! Muitas barraquinhas vendendo 5 peças por US$20. Ou seja, isso dá menos de R$8 cada lenço pela cotação de hoje. Indianos atutênticos, hehe. Comprei pra família inteira! Bom, os meus 5 escolhidos da barraquinha na verdade não estão nessa foto porque 2 deles dei pra minha mãe e pra mana. Então substituí com outros que comprei na Zara e que têm mais a ver comigo :D
O preto com florzinhas recortadas foi US$15, e o xadrez, US$9,90. Claro que comparando com os outros parece carinho, mas é só ver que na Renner um lenço sem graça custa R$29,90 que já compensa.





Calcinhas Victoria's Secret: Fiz uma montagem pequeninha porque minhas lingeries não são públicas, né! :P
Mas realmente foi um achado inesperado ver ilhas e mais ilhas com 5 peças por US$25 . Tá, na Marisa até tem mais baratas, mas elas não têm todo o fetiche e glamour das lingeries Victoria's Secret, oras! É de enlouquecer ver todas aquelas cores, texturas e tamanhos... tamanhos inclusive é uma coisa que chama atenção, pois é bem difícil encontrar algo que não seja extremo como fio-dental ou sunguinha. Mas de qualquer forma são uns amores <3>





Esmaltes: Os esmaltes foram uma leve extravagância da minha parte consumista, já que lá eles não são baratinhos como Risqués e Coloramas da vida e eu comprei mais de 10. Os vidrinhos custam em média US$8, da OPI e Essie, e de US$2 a US$5 as outras marcas como Revlon, Sephora, Rimmel etc. Na hora refleti muito se um esmalte realmente valia em torno de R$15,00, mas quando vi no Mercado Livre os mesmos à venda por R$35, me senti confortada. Alguns desses têm secagem inacreditavelmente ultra-rápida, mas fora isso e as cores incrivelmente lindas, os nossos não ficam muito atrás não.





Maquiagens: Outro delírio completo! Quase todas as comprinhas fiz na Sephora e na Duane Reade também. O que mais gostei de tudo foi o primer da Smashbox, que saiu por apenas US$13,00 (mais barato que o Magix da Avon!) e é simplesmente maravilhoso! Segura a maquiagem por muito tempo e deixa a pele lisinha, quase não dá pra acreditar que um produto baratinho assim faz todo esse milagre. Baratinho lá, porque no ML tá por R$60 (e tem gente que compra, quá quá). Outro da mesma série é o fabuloso lápis da Urban Decay por US$17, que na hora pareceu caro em comparação aos da Sephora que custam apenas US$5, mas depois vimos que no querido Boticário um lápis custa R$35. Quero voltaaaaar!


Então, ficam as dicas espertas de compra pra quem porventura tiver um trocado no bolso pra pegar um avião e ir pra lá. Não, sacanagem. Falando sério, é notável como os preços em Nova York também são super acessíveis, e quem gosta de uma pechincha se dá bem pra caramba. Problema mesmo é chegar lá. Mas enquanto a Mari passeia, a gente fica olhando as fotos, afinal, como já canta o Zeca há um tempão, quem não pode Nova York...

12 de junho de 2010

A Copa do Mundo é nossa!

Pois é, meu povo, começou a Copa do Mundo!

Na Copa do Mundo acontecem coisas muito engraçadas: as pessoas que ao longo dos demais quatro anos não entendem de futebol e sequer se interessam pelo esporte passam a dominar o assunto, a acompanhar o mundial, a palpitar com muita propriedade, a vibrar em um movimento nacionalmente uníssono que, se fosse assim pra todos os quesitos do nosso país e sempre, tudo funcionaria mais rápido e melhor ou simplesmente funcionaria. Faz parte, já diria o sábio Kléber. Afinal, quem é esperto não perde a oportunidade de fazer uma festa e, gostando ou não de futebol, não tem medo de ser feliz. E, acompanhando esse movimento, eu faço tal qual Seu Boneco e... vou pra galera!

Copa do Mundo é uma coisa bacaníssima de se ver; são poucas as situações em que você chega em um ambiente público repleto de pessoas estranhas e compartilha com elas a mesma ansiedade, a mesma expectativa, a mesma tensão, convivendo durante 90 minutos com desconhecidos como se fossem companheiros de longa data e trocando olhares que sabem o que significam. E no fim, todos, naquele momento, acabam por tornar-se cúmplices de algo que não se sabe bem o quê, mas são. Aliás, sabemos sim: cúmplices de uma paixão, oras! A paixão pelo futebol, a paixão de ser brasileiro: nem que seja só na Copa do Mundo. \o/

E na Copa as pessoas geralmente também pensam no figurino; em colocar aquela camiseta esperta da seleção brasileira, em fazer uma decoração em casa ou no comércio etc. O problema é que a combinação das cores da nossa bandeira é uma coisa pra lá de difícil, e pra ultrapassar a fronteira da cafonice basta um descuido. Como pobre que se preze não tem nunca dinheiro pra morrer na compra da camisa oficial, eu pensei em uma roupinha que usasse as cores da nossa pátria amada de modo que tentasse – veja bem, tentasse – não ficar muito brega. E usando acessórios disponíveis em casa mesmo.



Regata pseudocanarinho da Marisa, R$5,90;
Colar feito por mim mesma (florzinha dada de presente pela minha irmã);
Calça de uma lojinha qualquer, R$49,90;
Faixinha verde da Feira da Redenção de Porto Alegre, R$8;
Bolsa da Ellus, R$60.
Melissa Love Li (na liquidação), R$39,90

Uma foto especial dos acessórios (fotos tiradas pela minha mãe, na manhã ensolarada de hoje, quando os hermanos argentinos venciam da Nigéria). Mamãe insistiu que num post sobre as cores brasileiras eu deveria mostrar de perto os acessórios perto de um pé de tangerina, que era a cara do Brasil, rs.



Atenção para a pulseirinha repleta de olhos gregos (ou olhos turcos). Considerado um talismã contra o mau-olhado, a pulseirinha não apenas serve para combinar perfeitamente com todas as cores da nossa bandeira como para afastar toda a ziquizira possível na hora do jogo:




Inspirada na camiseta dos EUA - jogo ao qual eu assisto agora, 1x1 com Inglaterra -, pensei em outro look, que também tem a ver com a Copa, com o Brasil e com uma campanha que tenho feito desde a escalação do Dunga. E aí, qual roupinha vocês preferem?

2 de junho de 2010

O baratinho pelo baratinho: compras inúteis

Na semana retrasada postei um look básico para friozinho, mas o que mais repercutiu no post não foi o look, e sim o fato de eu ter comprado uma bota número 35, calçando 37, porque ela estava na liquidação. Me perguntaram se meus pés não ficavam apertados, se eu não morria caminhando, mas, por incrível que pareça: não, ela é superconfortável! O pior é que eu tive sorte mesmo, porque o couro cedeu, mas esse tipo de sorte nem sempre acontece.

No ímpeto por um precinho camarada, muitas vezes a gente acaba considerando muito mais o preço do que a peça em si e comprando coisas absolutamente inúteis, desnecessárias, sem qualidade (ou tudo junto), só porque elas estavam baratas demais.




A Lais, minha grande amiga de fé, irmã camarada e futura historiadora da arte, divide comigo não somente as coisas boas da vida (a beatlemania, as limonadas no Largo da Carioca, os e-mails quilométricos e os fantasmas do Theatro Municipal), mas também a tendência bizarra de fazer compras esdrúxulas. E, claro, depois correr pro MSN e contar uma pra outra. Eu pedi que ela falasse sobre algumas burradas, e ela escreveu um depoimento sobre duas situações no mínimo jocosas.

Quando o assunto é moda sofro de duas enfermidades irmãs. Falta-me paciência, sobra-me pão-durice. E é quase sempre assim que cometo uma burrada. Araras lotadas me dão taquicardia, afinal, como olhar aquele mundo de opções uma por uma e no fim perceber que talvez nenhuma te agrade? No meio de tanta gente fashion e descolada, a busca por aquela calça jeans reta, sem nada, pode se tornar uma via sacra.

No topo do pódio de minhas compras burras está uma sapatilha dourada da Soulier. Explico: eu procurava por uma bege, mas depois de duas horas procurando por todas as lojas do Shopping Tijuca, a falta de paciência me traiu com um "ah, nem brilha tanto assim". É claro que só usei uma vez, no ano novo, crente que ela me traria ao menos prosperidade para comprar outra. Essa nem foto tem, acabei dando mesmo.

No ano passado fiz uma limpa em meu armário, e a quantidade de blusinhas de R$1,99 a R$ 9,99 com estampas ridículas que não foram usadas sequer pra dormir tamanha era vergonha de mim mesma em vesti-las era algo impressionante. Também foram destinadas ao saco de doações algumas blusas até bonitinhas, porém compradas com a intenção de serem usadas após a perda de dez ou quinze quilos, outras com as mesmas características mas do tamanho EXG que nunca foram apertadas e algumas outras peças simplesmente sem explicação.

Felizmente o desapego é algo que habita o meu ser, e já consegui me desfazer de grande parte dessas coisas. No entanto, descobri alguns itens que ainda subsistem sob meu teto.





A bolsa foi comprada no Calçadão de Campo Grande por R$19,90, só porque custava R$19,90, em um momento de total insanidade. Não usei nenhuma vez na vida; ia doar, minha mãe pegou no ímpeto e também nunca usou. Uma das bolsas mais feias que já vi na minha vida. Pra acompanhar, coincidentemente no mesmo ano achei na C&A uma sandália que até nem é tão feia, mas que comprei sabendo que nunca usaria devido ao imenso salto e à incompatibilidade total com o meu estilo, e o fiz apenas pela remarcação em sua etiqueta: R$9,90. Foi usada apenas uma vez, no primeiro dia de aula do terceiro semestre, quando entrei na PUC com a sandália e saí de lá descalça.

E o que dizer, por exemplo, do meu sonho de ter um trench coat? Com o salário do CNPq, em 2007 fui à Voluntas e comprei um genérico por R$29,90. Tecido vagabundo, corte malfeito, sem mais palavras:



Outra coisa que a gente aprende com a vida é que, não é porque você foi a um seminário bacana, em que conseguiu assistir às palestras até o fim sem dormir, que você vai comprar uma camiseta de malha do tal evento, por mais baratinha que ela esteja. A não ser que seja pra dormir ou se for pra ajudar o pessoal da organização. Porque, cá entre nós, moça nenhuma vai sair com uma blusa destas:




Geralmente as comprinhas em que a gente se fode bonito são feitas na pressa, por não se ter pensado mais de uma vez, por impulso mesmo. Compras maravilhosas podem ser garantidas a preços mais maravilhosos ainda, mas paciência e disposição são totalmente necessárias - ou sorte, vá lá. Eis algumas dicas para que não caiamos na armadilha de comprar tudo o que aparece à nossa frente sob o argumento de um preço baixo:

1 - Pegue a peça, mas continue caminhando pela loja, olhando outras e considerando a probabilidade de encontrar uma mais legal ainda;
2 - Imagine se aquela roupa que lhe assola o coração consegue fazer PELO MENOS três combinações com outras peças que você tem em casa, senão o risco de usá-la só pra dormir ou de ter de comprar outras roupas pra combinar com ela é grande;
3 - Leve a peça para o provador. Se aquela roupa não deixar você, uma árdua trabalhadora brasileira, no mínimo linda, maravilhosa, absoluta, ela não merece ser levada;
4 - Se a roupa tiver um tamanho menor do que o seu, sejamos realistas: você NÃO vai emagrecer só por causa dela;
5 - Pense em todas as ciladas compulsivas consumistas em que você já se meteu e se lembre das roupas sem utilidade em casa.

Mas, como já foi dito, tudo pode ser também uma questão de sorte. Quem garante isso é a própria Lais:

Prova de que nem sempre ser sovina é mal negócio é um vestido que comprei na Renner. Um daqueles de 100 pratas, que a gente pega pra "dar uma olhadinha". Qual foi minha surpresa ao constatar a etiqueta de R$19,90? Tá certo que ele era PP, mas coube direitinho. Aliás, eu poderia levá-lo só para provar que um dia coube em um Pequeno P. E como este era meu dia de sorte, saí da Renner levando duas blusas e um vestido por 40 pilas. Na hora de bater, a caixa constatou que ele saía por R$9,90. Claro que depois eu arranquei todas as etiquetas promocionais para ver o preço original. Pasmem: R$109,00 e uma infinidade de etiquetas sobrepostas. 109,00 por 89,90... 89,90 por 69,90... 69,90 por 49,90... 49,90 por 39,90 e, por fim, 39,90 por 19,90. No fim das contas acho que eles me pagariam para levar o vestido, mas vai... É bonitinho.