13 de março de 2012

Sem roupa pro casamento - um look rock and roll

Dia desses foi o casamento de uma amiga queridíssima, a Natália (pausa para comentar o casamento, um loosho que só, com comidinhas maravilhosas, decoração de bom gosto, companhias melhor ainda e um ar-condicionado divino que revigorou os convidados daquele calor do capiroto que fazia em São Gonçalo). A festa era esperada há bastante tempo por diversos motivos: da minha parte sobretudo pelo fato de sermos amigas desde a época da escola – a saudosa ETEAB – e ser particularmente emocionante ver uma amiga crescer, e por se tratar do primeiro casamento de uma pessoa importante desde que eu voltei para o Rio.

Como eu já havia dito aqui uma vez, o problema é que me falta paciência para essas firulas de arrumações festivas, e, quanto menos trabalho der o visual, melhor. Para não repetir a roupa do recente casamento ao qual eu havia ido, ligeiramente assolada pelo medo de ser marcada nos álbuns alheios do Facebook com o mesmo vestido em dois eventos distintos e sem dinheiro pra comprar outra roupa, o negócio foi ver o que tinha em casa mesmo: uma blusa pretinha de algodão com pedrinhas pretas e brilhantes, comprada na Liquidação a Preço de Banana por menos de R$10, e uma calça social preta. Tudo muito básico e apropriado.



Eis que então ocorreu o erro no qual ninguém nunca deve cair: a roupa, que estava pensada há semanas, só foi ser realmente provada na hora da arrumação para a festa. Ou seja, não foi provada, foi vestida mesmo. Foi aí que percebi que a blusa, comprada na grande liquidação da Marisa, possuía o número 48, e não havia linha, fitinha de cetim, alfinete ou outro método que disfarçasse o seu tamanho desproporcional, pois o tecido ficava todo marcado e com aquela cara de cambalacho. O comércio na rua estava fechado, e à minha frente o que se abria era um abismo jamais imaginado antes: eu não morava mais na casa da mamãe para pegar as roupas dela.

Assim a ideia foi criar mais um improviso, desses que a gente disfarça pra dizer que quis fazer daquele jeito mesmo. A solução surgiu a partir da composição de um look rock and roll: um vestido preto básico com a saia evasê, que (dizem) disfarça as gordurinhas e tem um ar meio 50’s; uma bolsa pequena preta com detalhes em HQ, nada apropriada para um casamento, e um mary jane preto. Maquiagem carregada e cabelos presos para cima. E o Guga, que só tinha providenciado um terno, ficou de calça jeans, All Star de couro e camisa dos Beatles. Tudo muito rock and roll e com aquele ar de transgressão.




Look completo, com os clássicos óculos do Saara.


A ideia de compor um look em casal sugere um conjunto, uma unidade no estilo. Isso, no caso do improviso ou não, deve fortalecer o argumento de que se trata de uma atitude deliberada; trata-se de imprimir a sua marca natural e cotidiana em um formato que se diz padrão: é criar uma transgressão intencional às regras estabelecidas (de querer quebrar os paradigmas em um casamento ou qualquer evento formal). Isso não significa que estando sozinho não seja possível criar um look e mostrar bastante atitude. Em um outro casamento, cheio de pompa e ostentação, vi uma moça com um vestido indiano e cabelos soltos partidos ao meio. Como não a conhecia, não sei se ela passara por semelhante perrengue e tentou dar aquela disfarçada ou se ela de fato quis fazer a diferença e marcou sua personalidade com estilo, sem perder a elegância. E ficou ótimo! Também me lembrei da Renata, leitora deste blog, que não curte o estilo urbano e mais se identifica com o esquema prenda de CTG. Tudo é uma questão de adaptação, se possível sem perder o bom-senso.