26 de agosto de 2010

A macumba é da boa!

No mês de junho, no look de Copa do Mundo, postei aqui a foto de uma pulseira cheia de de olhinhos gregos, um talismã que, segundo alguns, é poderoso contra mau-olhado.





Falando em talismã, certamente você encontrará alguém que conte com o poder de algum amuleto, seja esse de procedência africana, turca, cristã, hindu, celta ou desconhecida mesmo. O fato é que, principalmente no Brasil, devido ao nosso grande sincretismo religioso e à nossa miscigenação étnica, temos o hábito de incorporar crendices de todos os cantos. Já li que crendice está atrelada à baixa escolaridade, pelo fato de se tratar de uma crença irracional, mas, partindo deste princípio, nem as religiões - quaisquer que sejam - nem mesmo as mitologias poderiam ser aceitas por grupos escolarizados. Ou seja, não faz sentido. Enfim. Amuletos são apenas a transferência do desejo de felicidade a um objeto concreto. Como se diz em francês, amuleto é porte-bonheur (porta-felicidade).

E, claro, como somos criativos demais, não tardou para que a crendice virasse moda. Dia desses tava reparando na quantidade de talismãs que as pessoas usam como adorno, inclusive eu. Desde tatuagens com dizeres bíblicos, camisas de São Jorge, acessórios de porte-bonheur etc.

Um dos meus preferidos é este colar cheio de coisinhas macumbísticas, comprado na feira de artesanado de Porto Alegre. É da barraca de uma tia que só trabalha com couro.



Aqui temos sal grosso, uma nota de um dólar, um patuá, olho grego, trevo de quatro folhas, uma boneca de vudu, pimenta. Custou R$25, mas é tanta felicidade que valeu o investimento, rs.

Como diz aquela célebre frase no filme Cidade de Deus: olho grande seca até merda na chuva. Seja lá com olho grego, culto a Jesus Cristo nosso senhor, arruda atrás da porta, axé da Pomba-Gira na umbanda, banho de sal grosso ou incensos ou simples dizeres sai pra lá, olho gordo, chuta que é macumba ou volta pro mar, oferenda, é sempre bom se prevenir de um olhão e se livrar daquelas energias ruins. Se for num super style melhor ainda. Ah, e parar de dizer que tem invejinha dos outros também é bom. Ficadica.

E quem nunca ouviu falar nos brincos de filtros dos sonhos que aqueles hippies vendiam no Largo da Carioca, nos áureos tempos? Todo mundo já deve ter tido um brinco com um desses, ou ao menos viu alguém usando. A origem é indígena, de tribos norte-americanas e, como sugere o próprio nome, serve para captar os sonhos e as energias ruins, as más vibrações. Verdade ou não, só o fato de a pessoa já ter um filtro dos sonhos consigo já demonstra a intenção de espalhar ao seu redor as good good good good vibrations. Este que eu tenho foi feito por um amigo, o Suriel. Pra combinar com ele, o tão famoso terço budista, que virou febre no Saara em 2003, conhecido como Pulseirinha da Dóris da Novela.



Há também camisetas com temática hindu (Ganesh, Sarasvati, Laksmi, deuses da fortuna, das artes, do conhecimento), sem contar com a riqueza decorativa dos budinhas e sapinhos da fortuna com moedinhas que são bonitinhos e enfeitadinhos para colocar no quartinho. Oin, que inho.





Bom, a pulseirinha de olho grego que veio lá da Turquia não adiantou muito na Copa, e o Brasil perdeu nas quartas. É claro que macumba por si só não adianta (quem me conhece sabe da história que em 2001 eu fui na festa da Pomba e pedi a ela e ao Exu pra passar no concurso do CEFET e não passei, rs). Mas tem uma simbologia bonita, muitos são esteticamente agradáveis e representam muito da nossa cultura.

E a sua macumba, qual é?

11 de agosto de 2010

Todas as porcarias do mundo!

Quem me conhece sabe também de um grande dom que eu tenho, que é o da prolixidade. Sempre que falo demais – ou seja, sempre mesmo –, me lembro de uma estratégia que uma professora lá na Nicarágua (escola municipal em Realengo onde estudei um tempão) usava pra fazer os alunos pararem de falar, que era a seguinte ameaça: “Quem não parar de falar agora vai comer todas as porcarias do mundo!”.

O problema é que, por uma questão de significados distintos, essa estratégia NUNCA funcionava comigo. Nunca. Meu pai, professor de biologia e de “ciências da saúde”, vivia dizendo que porcaria mesmo era chocolate, batata frita, coxinha de galinha, doce. Na minha interpretação, se eu não parasse de falar e ainda comesse todas as porcarias do mundo sob a autorização – mais do que isso: a obrigação – da professora, estaria saindo no lucro!

Bom, o fato é que, chegando em Paris, eu constatei que a cidade é simplesmente uma perdição para todas as crianças que adoram porcaria e para todos os adultos cuja remanescência gulosa de infância causa momentos de felicidade. É muito difícil encontrar um lugar acessível com saladas e essas coisas insípidas, mas você realmente pode ser feliz se não tiver dinheiro e/ou escrúpulos com o seu organismo.

Pra começar, as estações de metrô possuem sempre maquininhas com refrigerantes e doces. O melhor de todos os doces é o Kinder Bueno, da mesma marca do Kinder Ovo. Nessas maquininhas, um pacote com duas unidades custa 1,20€, e no Monoprix o pacote com seis custa 2€. No Brasil o preço geralmente quadriplica. Chupa essa manga, digo, esse chocolate.

Eu buscando um Kinder Bueno maravilhoso.

Felicidade de comprar Orangina, um refrigerante cheio de gominhos de laranja.


Não, isso sem falar no PICOLÉ DE TWIX que vendem no mercado! A emoção era tamanha que não tiramos foto, mas a parada vinha com 6 unidades e custava tipo uns 2,50€.

Pô, e na hora em que a fome bate? Nada melhor do que aquele Subway esperto. A coisa boa é que estudantes têm direito a um “Menu especial”, em que você paga 5,50€ (o equivalente a menos de R$15) e tem direito a qualquer sabor do Subway, inclusive aqueles que a gente nunca pede porque não fazem parte da promoção do sanduíche do dia (no Brasil eu só peço almôndegas), mais um copo com 400ml de bebida e um cookie.



Acho que provei todos os sabores caros!

É claro que estão no roteiro gastronômico todos os queijos, como o de cabra, o brie, o roquefort, o camembert (que fede pra daná mas é gostoso...) e os patês de aves estranhas e ricas.

E, pra finalizar, a descoberta da porcaria mais porcaria! O fast food de Paris, tipo um genérico do Mac Donalds, chamado Quick Burger, também oferecia seu menu estudante: você pegava a oferta (sanduíche, batata e refrizão), apresentava carteirinha, pagava 1€ a mais e ganhava o DOBRO! A oferta custava em média 6€, e o sanduíche era generoso em tamanho e em gordura:


Hmmm...

Bom, eu poderia virar a noite falando das maravilhas comestíveis parisienses, mas acho que já falei demais e comprovei o dom que me garantiu todas essas porcarias. Né verdade?

7 de agosto de 2010

Os esmaltes parisienses e a grande descoberta na Sephora

Quando eu estava fazendo as malas, coloquei apenas um esmalte na nécessaire, esperando comprar o resto aqui. Qual não foi a minha decepção ao chegar e encontrar apenas esmaltes caríssimos, inclusive na minha querida rede de supermercados Monoprix, cujos preços de esmaltes no solde são de, em média, 5€. Um absurdo! Decidi que, enquanto estivesse em Paris, não faria mais as unhas.

Mas essa cidade é uma caixinha de surpresas! Estava na Sephora seguindo as dicas da nossa querida e já famosa Mari quando vi uma imperdível cestinha de soldes (brilho nos olhos). Uma embalagem de Vernis adhésif, um trocinho que lembrava unhas postiças, porém mais molinhas e coloridas: eram esmaltes adesivos que prometiam unhas feitas instantaneamente, sem necessidade de acetona, acabamento, sem trabalho algum, sem precisar secar nem nada!





Viva a Sephora!

E o mais legal de tudo: um solde de 7,90€ por CINQUENTA CENTAVOS.
Pra se ter uma ideia do efeito da parada, eis uma foto das minhas unhas:



Sabe-se lá o porquê, na embalagem há dezesseis adesivos, sendo que, bem, geralmente temos dez unhas nas mãos. O fato é que, com dezesseis adesivos, se você usa uma vez, lhe sobram unhas, e se você usa duas vezes, lhe faltam. Coincidentemente, eu roí duas unhas antes de uma prova, então acabei podendo usar os adesivos duas vezes, mas confesso que até hoje fico me questionando sobre qual terá sido o motivo dessa quantidade insólita. Um dia eu escrevo pra eles e pergunto...

Aliás, pra ser sincera só vale a pena mesmo porque custou cinquenta centavos! No fim das contas a gente está muito bem acostumada com acetona, o palitinho etc.

Depois, com o tempo, conhecendo melhor a rotina da cidade, vão sendo descobertas outras coisinhas. Uma delas são os esmaltes a 1€ em barraquinhas de estações de metrô, tipo a Châtelet (uma estação que faz várias conexões com outras linhas e que possui uma quantidade infinda de barraquinhas e lojinhas baratas... baratas MESMO! Foi lá que presenciei uma loja de vestidos a 15€, cuja gerente ficava na porta gritando algo como "Não percam nossos soldes, vestidos a quinze euros, quin-ze-eu-ros!").

Há também a rede Yves Rocher, que é uma espécie de O Boticário europeia e que vende esmaltes de 1,25€ e alguns outros mais caros. Os baratinhos são cores feias, cintilantes, uma cafonice que só. Mas ótimo pra dar de presente pros outros dizendo que comprou numa loja de Paris e tal, hehehe. Pra não dizer que fiquei só na vibe do Pedro Luís, comprei também uma unidade de 3€, esse vermelho-puta maravilhoso que segue abaixo (os pequenininhos são os souvenirs):



*Post escrito e não finalizado em 16 de julho, porém, devido à falta de tempo, só postado hoje, em casa mesmo.