30 de março de 2010

Loosho & Poder na Voluntários da Pátria

A Voluntários da Pátria é uma rua famosíssima em Porto Alegre. Famosa por diversos motivos. O primeiro é pela quantidade de prostitutas e mendigos que povoam o local, seja de dia ou à noite; a rua é célebre também pela diversidade na oferta e na procura de artigos como a pedra do crack e pela assiduidade de seus consumidores; o alto índice de periculosidade oferecido pelo logradouro também faz de seu nome muito conhecido pela cidade, de modo que lá é possível ter a sua bolsa magistralmente recortada com um bisturi e esvaziada sem que você perceba e sem que ninguém lhe avise sobre o fato. Se o seu celular tiver sido roubado na cidade, ele certamente poderá ser reavido na Voluntários da Pátria; e o mais bacana é que você pagará um precinho camarada para os senhores que se empenham de uma forma admirável para satisfazê-lo.

No entanto, a fama de que eu mais gosto na Volunta - como é conhecida por aqueles que não se intimidam em adentrá-la - é a da quantidade de lojinhas baratas. A Volunta é a minha Disneylândia no começo de cada mês!


É lá que as gurias etc e tal...

Abastecida com lojas diversas (possui um camelódromo, que fica sobre vários pontos-finais de ônibus), lá é possível encontrar uma quantidade infinda de estabelecimentos de lingeries - cujas representantes permanecem na porta com seus flyers e folders, enunciando com suas vozes e sotaques peculiares a seguinte frase "fábrica de calcinhá" -, de artigos de entretenimento - o ramo publicitário faz-se presente também com os fiéis "cedêdevedêcedêdevedê" -, a clássica loja de jeans Sonex e as dezenas de outras lojas de roupas.



A melhor de todas, na minha opinião, é a Sul Center Fashion - dona do slogan "o barato que virou moda" (infelizmente não possui site) -, uma loja de departamentos ma-ra-vi-lho-sa, uma espécie de Citycol gigante, uma Feirinha de Itaipava indoor.



Com um pouco de disposição, é possível fazer compras muito proveitosas na Sul Center Fashion, a preços muito bacanas, e ainda fugir daqueles discursos muitas vezes pré-prontos sobre lojas de departamentos (Renner, C&A, Riachuelo, Leader, Marisa...), segundo os quais não se pode comprar nelas sob o argumento de que há uma produção em grande escala . Só existe uma Sul Center Fashion na cidade, portanto, em termos matemáticos, o risco de atravessar a rua e esbarrar com alguém trajando o mesmo modelito que o seu é o mesmo que se corre quando se veste uma Farm, e menor do que quando se compra na Zara, por exemplo.

Na entrada da loja veem-se de cara shorts com strass, blusas transparentes com decotes na frente e atrás, bonés onde há escrito "vida loka", e muitas pessoas ávidas por uma promoção, esbofeteando-se pelo menor número de manequim. Porém, timidamente, você pode ir entrando, pedindo "sensa" aqui, "sensa" acolá, analisando outras peças com mais critério.



Mês passado, quando eu estava voltando para casa, papai disse que havia adorado o vestidinho bege bordado que eu estava usando, e mal ele imaginava que eu havia comprado duas unidades de cores distintas do mesmo modelo - a bege e outra preta - na tal da Sul Center Fashion de Porto Alegre, pela bagatela de R$20 cada.

Vejam só a combination:



Pretinho super básico para trabalhar, com Melissa Flowers by Isabela Capeto.

E detalhe para o bordado:



A Melissa fica combinandinha com o colar de madeira pintada, que ganhei de um hippie que conheci na calçada da rua Frei Caneca (SP), no começo do ano. Infelizmente de hippie não se dão referências, pois eles são meio itinerantes.

Então, minha gente, aproveitemos este mês que se inicia e nos deleitemos na Volunta!

PlasticDreams

Hoje de manhã eu estava dormindo no ônibus e sonhei que lançavam uma Melissa com internet wireless.

28 de março de 2010

Improviso para casamento

Neste último dia 27 de março foi o tão esperado casamento da queridíssima Christiane Soares. Muito embora eu seja obrigada a usar a referência de que hoje ela é uma grande mestranda que conclui uma pesquisa brilhante e ousada na área da literatura marginal e uma cantora da melhor qualidade, pra mim ela será sempre, em primeiro lugar, uma amiga muito querida de quem guardarei as melhores lembranças como colega: das melhores conversas na Câmara dos Vereadores, nos cafés da PUC, nas aulas de Literatura e no CECLIP, o querido Nelsinho.

Olha que Diva:



Casamento é um tipo de coisa que sempre me tira um pouco de paciência, pois não tenho muito saco para essas firulas de roupas e arrumações afins. Na verdade não tenho nenhuma paciência. Mas é claro que pra casamento de amigo querido a gente se esforça.

A idéia foi a seguinte: uma roupa que fosse simples e que de preferência já existisse no armário, pra não gastar. Pedi emprestado para a mamãe uma blusinha de cetim com renda e pedrinhas - que também não era cara, da marca Clock House, da C&A -, coloquei-a por dentro de uma saia que uso normalmente para trabalhar. A saia é de cintura baixa, mas a prendi com um broche, como se fosse de cós alto, e disfarcei o truque com um cinto de tecido preto.




A Melissa Ashia + O Mágico de Oz trouxe um pouco de cor à pretosidade do look. Em geral, teria ficado melhor se minhas condições físicas fossem mais adequadas, eu sei. Mas valeu o improviso...


Cara ótima de "Amor, tira uma foto minha pro blógue?" (foto tirada no Bar Opinião, após o casamento)

Ah, detalhe para a bolsinha! Esta bolsinha na verdade é uma nécessaire que ganhei da minha irmã emprestada, a Giovana. Como ela mora em Três Coroas, pensei que tivesse sido comprada lá, mas hoje mesmo ela me contou que a comprou em nada mais nada menos do que na loja Canoas Show, uma loja de R$1,99 no calçadão de Canoas. Um verdadeiro luxo digno de quem realmente sabe garimpar. Um grande furo para o Brasil Fashion Pobre, rs.

27 de março de 2010

Saara e Óculos Gigantes

Eu sempre gostei de óculos gigantes. Um dia desses estava me lembrando de um episódio do desenho Dênis, o Pimentinha, em que ele diz que a Margareth fica muito bem de óculos; ela, muito feliz, agradece, e ele completa com algo do tipo: "é, sim, porque eles são enormes e escondem metade da sua cara hahaha".



Não sei se isso contribuiu para que de alguma forma eu tenha crescido com um gosto inconsciente por óculos grandes, mas o fato é que até hoje eu só tenho desses em casa.



O meu preferido é um de armação vermelha, campeão também em elogios. A diferença é que as pessoas são mais delicadas e não explicam o porquê de gostarem tanto dele, rs.



Gosto muito do seu design, pois é sofisticado, e com os cabelos presos dá um ar super tchanrans (muito embora eu não saiba explicar que raio signifique tchanrans). Acho que a cor da armação, por ser vermelha, já é por si um complemento ousado e sempre combina com tudo. Combina por ser descombinado, essa é a parada.

Nele eu gosto mais ainda do fato de ter custado uma barganha: R$20. Não me lembro do nome da loja em que o comprei, mas ela é uma das melhores de óculos e bolsas no SAARA, o melhor centro de compras popular do Rio de Janeiro!


Luciana perguntando: esses óculos têm proteção UVA e UVB, Lella?


O SAARA







Para quem não sabe, o SAARA é a Sociedade de Amigos e Adjacêndias da Rua da Alfândega, um complexo de 11 ruas com cerca de 1.200 lojinhas e lojões que vendem produtos das mais diversas procedências e geralmente no atacado. Recebe uma média de 70 mil pessoas por dia e é um caldeirão delicioso de diversidade. Nele você encontra casacos, bijuterias, pastel com caldo de cana, roupas de grife, uniformes escolares, sex shops, lojas especializadas em macumba, muitas outras em culturas hindu, estúdios de tatuagem... uma verdadeira mixórdia comercial. Tudo por um preço muito, muito, mas muito acessível.

Ô saudades dos tempos de matar aula e ir passear no Saara!

Ficadica!

25 de março de 2010

Moda do Selarón!

Quem conhece a Lapa sabe que se trata de um dos bairros mais boêmios da cidade do Rio de Janeiro e um dos mais democráticos também.

Em seus casarões antigos, há bares e restaurantes com grupos de chorinho e samba, mas é possível assistir a apresentações de reggae, rock, blues, funk, pagode, mpb... lá também acham-se verdadeiros botecos sem absolutamente nada pra assistir, com apenas cerveja gelada pra se tomar, ou inferninhos espelhados cheios de forrós. Se em alguns cantos das ruelas você encontra hippies oferecendo artesanatos, no mesmo canto é possível resistir - ou não - aos encantos - ou não - de uma prostituta linda - ou não. Se não cuidar da bolsa, corre-se o risco de estar perto de algum pivete ou muito seguro ao lado de gringos, de atores globais ou de pessoas muito ricas. É um bairro definitivamente democrático.

Na Lapa qualquer um se sente bem, e não há assunto mais indicado pra se começar o blog do que homenageando a Lapa.

Esta foto foi do carnaval retrasado, na saída do Bloco das Carmelitas, que sai no bairro de Santa Teresa (um morro localizado acima da Lapa).
















O vestidinho é um verdadeiro xodó: é o mesmo do perfil. Um vestidinho de R$5 (sim, CINCO REAIS) comprado no Mix Bazaar no Cais do Porto de Porto Alegre em 2007, com uns desenhos lindinhos, porém não-identificados. O que importa é que são bonitos e que combinam com o meu tom de pele neguinha, rs. O chapéu é da minha irmã, Anna, comprado no ateliê da Liège Massi, a Lili Má. A bolsa é do camelódromo de Porto Alegre. Um perfeito modelito para uma tarde de folia no verão e na malandragem carioca!

Três vivas de inauguração ao blog!

Viva, viva, viva!

A idéia de criar um blog com o objetivo de falar sobre "moda pobre" surgiu há muito, muito tempo, quando eu conversava com a minha amiga Laís (uma futura historiadora da arte que, embora saiba explicar com muita habilidade assuntos dos mais eruditos como o conceito kantiano de Sublime, sabe dissertar também com tamanha maestria sobre a facilidade de se encontrarem vestidos bacanas nas Lojas Renner ou promoções na Sapatella) a respeito do fato de sermos pessoas que se utilizam de lojas populares, o que seria um eufemismo para lojas de pobre, e sobre o fato de eu não acreditar, entretanto, que isso seja argumento para que nos vistamos mal.

Imagino que haja mais uma porção de pessoas que se identifiquem com a nossa situação. Não temos condições para - e talvez nem queiramos - despender duzentos ou trezentos reais em um jeans da Ellus, se na Marisa eles são oferecidas a módicos valores de R$29,90; não sentimos a necessidade de ostentar a marca Triton em nossas bolsas, se na feira da Lavradio encontram-se opções bonitas e mais baratas...

Não se trata, contudo, de uma ode contra as marcas e contra o luxo, tampouco uma tentativa de moda pseudoalternativa. Trata-se de uma alternativa de moda, para quem tem menos mesmo!

A partir de hoje, então, espero, primeiro, que haja com quem compartilhar as dicas e os anseios de uma pessoa que possui sempre mil pensamentos de ordem estilístico à mente, e, segundo, que esses pensamentos sejam bem compartilhados e discutidos aqui.

Sejam bem-vindos!